Uma mulher à beira de um ataque de nervos: artifícios retóricos na construção de um tipo risível

Autores

  • Luana Ferraz Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória, Espírito Santo, Brasil

Palavras-chave:

retórica, ethos, humor, esquete

Resumo

Neste trabalho, buscamos observar como os diferentes expedientes retóricos são articulados na construção da imagem da oradora do quadro “A encalhada”, um dos nove esquetes que compõem a comédia Cócegas (2004), escrita e interpretada por Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães. Para tanto, baseamo-nos prioritariamente nos pressupostos teóricos da Retórica Antiga (ARISTÓTELES, 2005), da Nova Retórica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1996; MEYER, 2007) e da Análise do Discurso (MAINGUENEAU, 2008). Após a análise dos componentes verbais e não verbais do esquete, constatamos que a recorrência de algumas técnicas no plano da expressão, como o disfemismo, a repetição e a alusão, contribui para a constituição do caráter risível da protagonista em “A encalhada”.

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Publicado

11-03-2016

Como Citar

Ferraz, L. (2016). Uma mulher à beira de um ataque de nervos: artifícios retóricos na construção de um tipo risível. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 44(3), 1371–1385. Recuperado de https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1063

Edição

Seção

Retórica e Estilística