O papel das professoras alfabetizadoras no desenvolvimento da entoação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v47i1.1957

Palavras-chave:

fonologia, entoação, processo de alfabetização, child-directed speech

Resumo

Em 2015, por meio da análise de F0, isto é, da frequência fundamental, e utilizando a metodologia desenvolvida pelo Projeto ExProsodia, Garcia verificou que o processo entoacional diferencia-se entre uma pessoa alfabetizada e aquela que não o é. A diferença aparece na finalização da entoação, pois o tom final (TF) e o tom médio (TM) apresentam médias semelhantes quando o entrevistado apresenta baixo grau de escolaridade, algo que é notavelmente diferente aos que possuem mais anos de estudos. Logo, pensando nesse contraponto, decidiu-se analisar quando a finalização começa a sofrer mudança, já que crianças de 3 a 5 anos costumam trazer a mesma característica de alguém desfavorecido educacionalmente. Para isso, buscaram-se gravações de professoras alfabetizadoras da primeira série do ensino fundamental em situações de sala de aula e em entrevista, e o resultado prévio desse estudo é que elas podem produzir uma finalização plagal quando estão em contato com os alunos e a finalização autêntica quando estão na entrevista. Sendo assim, percebe-se que há uma espécie de child-directed speech relacionada à entoação utilizada nos primeiros anos do ensino fundamental.

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Biografia do Autor

Rosicleide Rodrigues Garcia, Universidade de São Paulo

Doutora em Letras e Mestre em Filologia e Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas - São Paulo/SP.

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Publicado

17-10-2018

Como Citar

Garcia, R. R. (2018). O papel das professoras alfabetizadoras no desenvolvimento da entoação. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 47(1), 33–43. https://doi.org/10.21165/el.v47i1.1957

Edição

Seção

Fonologia