A construção modal facultativa [ter_como]

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v48i3.2359

Palavras-chave:

modalidade, ter como, abordagem construcional

Resumo

Comprometido com uma perspectiva construcional, o objetivo deste artigo é examinar o esquema [ter_como] como forma de expressão da modalidade na língua portuguesa, descrevendo-se suas regularidades de uso, como uma construção. A pesquisa serve-se de textos do português brasileiro contemporâneo, de fala e de escrita, retirados do Corpus do Português (disponível em corpusdoportugues.org.br). Utiliza-se a classificação das modalidades de Hengeveld (2004), em que dois parâmetros se cruzam, o alvo (orientado para o participante, orientado para o evento e orientado para a proposição) e o domínio (facultativo, deôntico, volitivo, epistêmico e evidencial). A análise das ocorrências, apoiada em pressupostos teóricos da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995; CROFT, 2001; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), revela que a fórmula [ter_como] é padrão fixo de expressão de modalidade facultativa, configurando-se como um esquema construcional, fórmula rotineira, convencionalizada, na língua portuguesa do Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cibele Naidhig de Souza, Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas, Rio Grande do Norte, Brasil.

Possui licenciatura em Letras, Português-Alemão, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus Araraquara, mestrado e doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela mesma universidade. Realizou pós-doutorado no Departamento de Estudos Linguísticos e Literários do Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus São José do Rio Preto, com bolsa CNPq. É professora efetiva de Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas-RN.

Referências

AUWERA, J. V.; PLUNGIAN, V. Modality’s semantic map. Linguistic Typology, Mouton de Gruyter, v. 2, p. 79-124, 1998.

BARROS, E. C. M.; PAIVA, M. C. Construção ter que + infinitivo: modalidade e propriedades gramaticais do verbo ter. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 43, n. 1, p. 91-102, jan./abr. 2014.

BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

BYBEE, J.; PERKINS, R.; PAGLIUCA, W. The evolution of grammar: tense, aspect and modality in the languages of the world. Chicago: University of Chicago Press, 1994.

COATES, J. The Semantics of the Modal Auxiliaries. London: Croom Helm, 1983.

CROFT, W. Radical Construction Grammar: Syntactic Theory in Typological Perspective. Oxford: Oxford University Press, 2001.

DAVIES, M.; FERREIRA, M. Corpus do português: 45 million words, 1300s-1900s. 2006, 2016. Disponível em: http://www.corpusdoportugues.org. Acesso em: 15 jul. 2018.

GOLDBERG, A. Constructions: a construction approach to argument structure. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1995.

HENGEVELD, K. Illocution, Mood and Modality. In: BOOIJ, G., LEHMANN, C., MUGDAN, J. (ed.). Morphology. A handbook on Inflection and Word Formation, v. 2. Berlin: Mouton de Gruyter, 2004. p. 1190-1201.

HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse grammar: a typologically-based theory of language structure. Oxford: University Press, 2008.

KIEFER, F. On Defining Modality. Folia lingüística, v. 21, n. 1, p. 67-93, 1987.

NARROG, H. Modality, subjectivity, and Semantic Change. A Cross-Linguistic Perspective. New York: Oxford Press, 2012.

MESQUITA, E. M. C. A modalidade deôntica: um estudo da língua escrita contemporânea do Brasil. 1999. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 1999.

NARROG, H. On defining modality again. Language Sciences, v. 27, p. 165-192, 2005.

NEVES, M. H. M. A polissemia dos verbos modais. Ou: falando de ambiguidades. Alfa, São Paulo, v. 44, p. 115-145, 2000.

PALMER, F. R. Mood and modality. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.

TRAUGOTT, E. C. Grammaticalization, constructions and the incremental development of language: Suggestions from the development of degree modifiers in English. In: ECKARDT, R.; JÄGER, G.; VEENSTRA, T. (ed.). Variation, Selection, Development – Probing the Evolutionary Model of Language Change.Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 2008. p. 219-250.

TRAUGOTT, E.; TROUSDALE, G. Constructionalization and constructional changes. Oxford: Oxford University Press, 2013.

Downloads

Publicado

18-12-2019

Como Citar

Souza, C. N. de. (2019). A construção modal facultativa [ter_como]. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 48(3), 1601–1619. https://doi.org/10.21165/el.v48i3.2359

Edição

Seção

Artigos