Eu (não) sou leitor: contradições de leitores jovens sobre a leitura e de si enquanto leitores
DOI :
https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2730Mots-clés :
leitor jovem, leitura crítica, EAJ/UFRN, formação de leitores.Résumé
O presente trabalho tem por objetivo empreender uma análise de declarações sobre a leitura geradas a partir do desenvolvimento de questionários com 101 estudantes e entrevistas com mais 20, todos da Escola Agrícola de Jundiaí, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A partir disso, buscamos entender as contradições que apresentam no que declaram acerca da leitura de modo geral e de si como leitores. Ao longo de nossas análises, pudemos constatar que uma boa parte deles se reconhece como bons leitores em contraposição a outros que se afastam desse lugar-sujeito, ainda que realizem cursos integrais, que lhes exigem uma intensa e extensa carga de leituras cotidianas. Essas declarações resultam em algumas contradições que acabam por constituir um campo discursivo bastante complexo, analisado com base na Análise do Discurso de linha francesa e em princípios da História Cultural do livro e da leitura. Para nós docentes, observar e analisar tais processos e dizeres se caracteriza como fundamental, pois permitem pensarmos e redimensionarmos a formação leitora crítica dos jovens na contemporaneidade.
Téléchargements
Références
ABREU, M. Diferença e Desigualdade: Preconceitos em Leitura. In: MARINHO, M. (org.). Ler e Navegar: espaços e percursos da leitura. Campinas: Mercado de Letras, ALB, 2001. p. 139-157.
BORGES, R. R. S. Formando leitores no ensino de outra língua: uma análise de representações de leitura compartilhadas por professores de língua espanhola. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017.
BRITTO, L. P. L. Máximas impertinentes. Na Ponta do Lápis, São Paulo, n. 27, p. 32-39, 2016. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/arquivos/5917/npl27-03ago2016.pdf. Acesso em: 03 jun. 2020.
CASSANY, D. Tras las lineas: Sobre la lectura contemporánea. Barcelona: Anagrama, 2006.
CECCANTINI, J. L. Mentira que parece verdade: os jovens não leem e não gostam de ler. In: FAILA, Z. (org.). Retratos da Leitura no Brasil 4. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. p. 83-98.
CECCANTINI, J. L. Leitores iniciantes e comportamento perene de leitura. In: SANTOS, F. et al. (org.). Mediação de leitura: discussões e alternativas para a formação de leitores. São Paulo: Global, 2009. p. 207-231.
CERTEAU, M. Ler: uma operação de caça. In: CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. Tradução Ephraim Ferreira Alves. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 259-273.
CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Tradução Reginaldo de Moraes. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
CHARTIER, R. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução Maria Manuela Galhardo. Lisboa: Difel, 1990.
CURCINO, L. Desafios ao ensino de leitura frente às ordens que regulam sua produção na atualidade. In: MOMESSO, M. R. et al. (org.). As práticas do ler e escrever: ao universo das linguagens, códigos e tecnologias. Porto Alegre: CirKula, 2014. p. 45-62.
FAILLA, Z. Retratos da leitura no Brasil 4. São Paulo: Instituto pró-livro, 2016. Disponível em: http://prolivro.org.br/home/images/2016/RetratosDaLeitura2016_LIVRO_EM_PDF_FINAL_COM_CAPA.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Tradução Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014. p. 74.
PETIT, M. Os leitores não deixam de nos surpreender. In: PETIT, M. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo: Editora 34, 2013. p. 21-29.
SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R. et al. (org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2001. p. 18-29.