Semiótica ou Estética: considerações sobre a epistemologia das Letras

Autores

  • Matheus de Brito Universidade de Coimbra (UC), Coimbra, Portugal

Palavras-chave:

teoria literária, linguística, crítica

Resumo

De sua gênese, a Teoria da Literatura manteve com o Estruturalismo afinidades epistemológicas que subsidiaram a convergência da atividade crítica e do método analítico. Isso implicou, junto à normalização e à desmistificação do discurso literário, sua radical desestetização. A ambição de universalidade contida na equação irrefletida entre conhecimento válido e sistema de proposições teóricas promoveu nas Letras uma objetividade às expensas do objeto: as definições da linguística concorreram para o apagamento da dimensão material da experiência da linguagem. Se lidamos, porém, com um erro epistemológico – a saber, triplo: pressupor comensuráveis análise e crítica, saber e verdade, universal linguístico e particular estético –, a autorreflexão crítica deve esforçar-se por encontrar a superação das insuficiências que acompanham o entrelaçamento histórico entre linguística e estética.

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Biografia do Autor

Matheus de Brito, Universidade de Coimbra (UC), Coimbra, Portugal

Universidade de Coimbra (UC) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

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Publicado

11-03-2016

Como Citar

de Brito, M. (2016). Semiótica ou Estética: considerações sobre a epistemologia das Letras. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 44(3), 1409–1419. Recuperado de https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1066

Edição

Seção

Semiótica