A importância da (re)escrita orientada para a apropriação da escrita acadêmica na universidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v19i2.3456

Palavras-chave:

Escrita acadêmica. (Re)escrita orientada. Correção textual.

Resumo

A prática de reescrita é encarada, por boa parte dos estudantes universitários, como uma ação punitiva que denuncia as fragilidades encontradas em seus textos. É considerando esta realidade que este trabalho versa sobre a importância da (re)escrita orientada na universidade e objetiva descrever as implicações da reescrita textual na e para a apropriação da escrita acadêmica. O corpus examinado foi extraído dos dados textuais de uma pesquisa-ação desenvolvida em 2018, durante meu Doutorado, com a participação de um grupo de estudantes de diferentes períodos do Curso de Letras de uma universidade privada de Belo Horizonte. A discussão é fundamentada principalmente na perspectiva dialógica da língua/linguagem advinda dos postulados bakhtinianos, e, por esse viés, reconhece-se que a escrita não pode ser vista isolada dessas duas instâncias, nem pensada fora do seu processo de produção de sentido e das práticas sociais. Em linhas gerais, os resultados apontam que a (re)escrita orientada potencializa a apropriação da escrita acadêmica, promovendo deslocamentos que permitem ao escrevente, para além do aprimoramento de aspectos linguístico-discursivos e textuais do texto, construir uma identidade acadêmica a partir do (re)conhecimento de valores e princípios que permeiam as práticas de escrita na universidade, os quais as legitimam em diferentes campos do conhecimento.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUSTINI, C. L. H.; ARAÚJO, É. D. de. A (re)escrita em espaço escolar: a relação professor-saber-aluno. Curitiba: Appris, 2019.

AGUSTINI, C. L. H.; BORGES, S. Z. da S. Petrificação de gênero e gênero escolar: uma análise enunciativa sobre (im)possibilidades do ensino de escrita baseado em gêneros textuais. In: SANTOS, H. S.; ASSUNÇÃO, K. L. de F. (org.). Enunciação & Discurso: língua e literatura. Curitiba: Prismas, 2014. p. 193-220.

ARAUJO, L. C. de. Tecendo sentidos: reescrita e produção de texto. Revista da FACED,

n. 05, 2001. Disponível em: https://repositorio.ufba.br. Acesso em: 5 ago.2022.

ASSIS, J. A. “Eu sei mas não sei colocar no papel aquilo que eu sei”: representações sobre os textos acadêmico-científicos. In: RINCK, F.; BOCH, F.; ASSIS, J. A. (org.). Letramento e formação universitária: formar para a escrita e pela escrita. Campinas: Mercado de Letras, 2015. p. 423-454.

ASSIS, J. A. Ações do professor e do universitário nas práticas de ensino e de aprendizagem da escrita acadêmica: o papel da avaliação e da reescrita no processo de apropriação do gênero resenha. Eutomia, Recife, v. 1, n. 13, p. 543-561, jul. 2014a. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/view/579. Acesso em: 25 jul. 2022.

ASSIS, J. A. Representações sobre os textos acadêmico-científicos: pistas para a didática da escrita na universidade. Estudos linguísticos, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 801-815, maio/ago. 2014b. Disponível em: https://revistas.gel.org.br/estudoslinguisticos/article/view/482. Acesso em: 01 jul. 2022.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016.

BAKHTIN, M./VOLOCHÍNOV. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 16. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

BAKHTIN, M. O problema do texto na linguística, na filologia e em outras ciências humanas. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. p. 303-336.

BANZARIM, M. Os gêneros na construção da interação entre professora e aluno(s) e os impactos no processo de ensino-aprendizagem da escrita. In: GONÇALVES, A. V.;BAZARIM, M. (org.). Interação, gêneros e letramentos: a (re)escrita em foco. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013. p. 237-260.

BELOTI, A.; MEGASSI, R. J. Compreensão da escrita como processo na formação docente do PIBID. Raído, Dourados, v. 12, n. 27, jan./jun. 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/323854486_A_compreensao_da_escrita_como_processo_na_formacao_docente_do_PIBID. Acesso em: 28 jul. 2022.

BESSA, J. C. R. Dialogismo e construção da voz autoral na escrita do texto científico de jovens pesquisadores. 2016. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2016.

COMPAGNON, A. O trabalho da citação. Tradução de Cleonice P. B. Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2007.

CORRÊA, M. L. G. A escrita na formação do professor e pesquisador. Entrevista. SCRIPTA, Belo Horizonte, p. 177-185, 2019.

CORRÊA, M. L. G. Bases teóricas para o ensino da escrita. Linguagem em (Dis) curso, Tubarão, v. 13, n. 3, p. 481-513, set./dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ld/a/ndCmMjqNqdfb4CsYhkBvhQP/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 20 jul. 2022.

CORRÊA, M. L. G. O estatuto da linguística aplicada no campo das ciências da linguagem e o ensino da escrita. Revista da ABRALIN, v. 7, p. 243-271, 2008. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/abralin/article/download/52497/32295. Acesso em: 10 jul. 2022.

CORRÊA, M. L. G. Heterogeneidade da escrita: a novidade da adequação e a experiência do acontecimento. Revista de Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, n. 8, p. 269-286, 2007. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/flp/article/view/59756. Acesso em: 5 jul. 2022.

CORRÊA, M. L. G. O modo heterogêneo de constituição da escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FIAD, R. S. Reescrita, dialogismo e etnografia. Linguagem em (dis)curso, Tubarão, v. 13, n. 3, p. 463-480, set./dez. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ld/v13n3/02.pdf. Acesso em: 5 jul. 2022.

FIAD, R. S. A escrita na universidade. Revista da ABRALIN, v. eletrônico, n. especial. p. 357-359, 2ª parte 2011. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/32436. Acesso em: 5 jul. 2022.

FIAD, R. S. Escrever é reescrever. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2006. 62 p. (Coleção Alfabetização e Letramento). Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/Col.%20Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o%20e%20Letramento/Col%20Alf.Let.%2011%20Escrever_Reescrever.pdf. Acesso em 28 abr. 2023

FIAD, R. S. (Re)escrita e estilo. In: ABAURRE, M. B. M.; FIAD, R. S.; MAYRINK-SABINSON, M.L. T. Cenas de aquisição da escrita: o sujeito e o trabalho com o texto. Campinas: Mercado de Letras, 1997. p. 155-174.

GERALDI, J. W. A escrita como trabalho: operações e metaoperações de construção de textos. 2018. Disponível em: blogdogeraldi.com.br/a-escrita-como-trabalho-operacoes-e-metaoperacoes-de-construcao-de-textos/. Acesso em: 01 ago. 2022.

GERALDI, J. W. Ancoragens: estudos bakhtinianos. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

GERALDI, J. W. Leitura: uma oferta de contrapalavras. Educar, Curitiba: Editora UFPR, n. 20, p. 77-85, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/qtMKxcWg3SSxFDKbCKys6nc/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 28 abr. 2023.

INDURSKY, F. As determinações da prática discursiva da escrita. Revista Desenredo, v. 12, n. 1, p. 40-47, jan./jun. 2016. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/5954. Acesso em: 29 abr. 2023.

KOMESU, F.; ASSIS, J. A. (org.). Práticas discursivas em letramento acadêmico: questões em estudo vol. 1. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2019.

MENEGASSI, R. J. A revisão de textos na formação docente inicial. In: GONÇALVES; A. V.; BANZARIM, M. (org.). Interação, gêneros e letramento: a (re)escrita em foco. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013.

RINCK, F.; BOCH, F.; ASSIS, J. A. (org.). Letramento e formação universitária: formar para a escrita e pela escrita. Campinas: Mercado de Letras, 2015.

RUIZ, E. Como se corrige redação na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2001.

SILVA, J. Q. G. Prefácio. In: RODRIGUES, D. L. D. I. Escrita de pesquisa e para a pesquisa. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2018. p. 9-14.

SILVA, S. O. O desabrochar da posição autoral no processo de escrita orientada: incursões de universitários da área de Letras na escrita acadêmica. 2020. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) - Programa de Pós-graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

SILVA, S. O.; BOCH, F. Dialoguer avec le discours d’autrui dans l’écrit académique ou comment construire une posture d’auteur? Revista Linguagem e Ensino, Pelotas, v. 22, n. 3, jul./set. 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rle/index. Acesso em: 02 jul. 2022.

SCHONS, C. R. Escrita, efeito de memória e produção de sentidos. In: SCHONS, C. R.; RÖSING, T. M. K. (org.). Questões de escrita. Passo Fundo: UPF Editora, 2005. p. 138-156.

ZANDWAIS, A. Da língua ao discurso nos limites da sintaxe: as tênues fronteiras entre discursos citados e citantes. Bakhtiniana, São Paulo, v. 1, n.5, p. 4-19, 1º sem. 2011. Disponível em: revistas.pucsp.br/bakhtiniana/article/download/5313/5086. Acesso em: 6 ago. 2022.

Downloads

Publicado

01-06-2023

Como Citar

Oliveira Silva, S. . (2023). A importância da (re)escrita orientada para a apropriação da escrita acadêmica na universidade. Revista Do GEL, 19(2), 196–217. https://doi.org/10.21165/gel.v19i2.3456

Edição

Seção

Artigos