Emoções e desigualdade de gênero em narrativas de professoras durante a pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v20i3.3589

Palavras-chave:

Cultura patriarcal. Emoções. Linguagens. Pandemia. Professoras.

Resumo

A fusão entre o tempo e o espaço dedicados ao exercício profissional e às tarefas domésticas sobrecarregaram ainda mais as mulheres professoras na pandemia da covid-19. Diante desse contexto, este estudo avalia como a experiência de ensino pandêmico pode ter retroalimentado a estrutura patriarcal presente nas desigualdades de gênero no contexto do ensino. A discussão é feita à luz da compreensão sobre o papel conjugado da linguagem e das emoções na atividade reflexiva das docentes, suscitada por protocolos de Pesquisa Narrativa. Para análise, utilizou-se os procedimentos da Análise de Conteúdo. Aqui, indica-se como um determinado emocionar e linguajar se apresentam no conteúdo das narrativas das docentes, ao mesmo tempo em que retroalimentam a cultura patriarcal, na qual as relações de desigualdade de gênero estão fundamentadas. Os resultados apontam para emoções de frustração, autocobrança, ansiedade e autodepreciação em um crescente contexto de desumanização circunscrito em conversações autodepreciativas e do dever ser que forjam a noção da improdutividade feminina. Dessa maneira, o estudo demonstra como o modo de funcionar patriarcal, durante a pandemia, aprofundou a fragilização das mulheres professoras participantes deste estudo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria D'Ajuda Alomba Ribeiro, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, Bahia, Brasil

PES.

Referências

ARAGÃO, R. C. São as histórias que nos dizem mais: emoção, reflexão e ação na sala de aula. 2007. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

ARAGÃO, R. Linguajar e emocionar os tempos de crise na formação de professores de línguas. In: MAGNO E SILVA, W.; SILVA, W.; CAMPOS, D. M. (org.). Desafios da Formação de Professores na Linguística Aplicada. Campinas: Pontes, 2019. p. 241-274.

ARAGÃO, R. C. A Systemic View on Emotion and Reflection in Language Teacher Education Research. Revista Brasileira de Linguística Aplicada. v. 22, n. 1, p. 270-299, 2022.

ARAGÃO, R. C. Pandemia, ambientes digitais e emoções na formação inicial de professores. Linguagem & Ensino, v. 25, p. 156-178, 2022a.

ARAGÃO, R. C; FERREIRA, K. Emoções e tecnologias digitais no ensino-aprendizagem de Língua Inglesa. Tabuleiro de Letras, v. 16, p. 146-166, 2022.

BAPTISTA, L. M. T. R. “Pedagogia do vírus”: gênero e trabalho: experiências visibilizadas de professoras de Espanhol em tempos de pandemia no Sul global”. Revista Leia Escola, v. 22, n. 1, abr. 2022.

BARCELOS, A. M. F.; ARAGÃO, R. C.; RUOHOTIE-LYHTY, M.; GOMES, G. S. C. Contemporary perspectives on research about emotions in language teaching. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 22, p. 1-16, 2022.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BELO, R. P. Gênero e profissão: análise das justificativas sobre as profissões socialmente adequadas para homens e mulheres. 2010. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, João Pessoa, 2010.

BOLER, M.; ZEMBYLAS, M. Interview with Megan Boler: From ‘Feminist Politics of Emotions’ to the ‘Affective Turn’. In: ZEMBYLAS, M.; SCHUTZ, P. (org.). Methodological Advances in Research on Emotion and Education. Springer International Publishing, 2016. p. 17-30.

BRASIL. Mulheres são a maioria na docência e gestão da Educação Básica. Ministério da Educação. 2023. Disponível em: https: //www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/dia-da-mulher-mulheres-sao-maioria-na-docencia-e-gestao-da-educacao-basica. Acesso em: 07 ago. 2023.

CARNEIRO, K. Z. S.; LIMA, S. C. Emoções no relato de experiência de uma professora brasileira sobre o ensino remoto de língua inglesa durante a pandemia de covid-19. Revista Brasileira de Linguística Aplicada. v. 22, n. 1, p. 68-93, 2022.

CASTRO, B.; CHAGURI, M. M. Gênero, tempos de trabalho e pandemia: por uma política científica feminista. Linha mestra, n. 41a, p. 23-31, set. 2020.

CONCEIÇÃO, M. P. O si mesmo como um outro: identidades em narrativas visuais de aprendizes de português como segunda língua. Trab. Ling. Aplic., Campinas, n. 59., v. 2, p. 1339-1372, maio/ago. 2020.

DANTAS, R. S. Emoções em Narrativas de Corpos Surdos. 2023. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, 2023.

DAVIS, Â. Mulheres, raça e classe (recurso eletrônico). 1. ed. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa: mulheres, corpos e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2019.

FERNANDES, M. B. S. O desenvolvimento da produção oral dos discentes durante aulas remotas na perspectiva docente: crenças, emoções e ações de professores de língua inglesa da rede pública do Distrito Federal. 2021. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2021.

FISCHMAN, G. Dos professores super-heróis aos intelectuais comprometidos: limitações e possibilidades das narrativas redentoras em Educação. Artigo apresentado em Cultura e docência: novos olhares para a realidade educacional 32ª Reunião Anual da ANPED, Outubro, 2009.

GESTRADO. Grupo de estudos sobre política educacional e trabalho docente. Base de dados. Docência na Educação Básica em tempo de pandemia. Belo Horizonte, UFMG, 2020.

GEERTZ, C. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books, 1973.

GUEDES, M. R.; ARAGÃO, R. C. Conversações de professores em uma notícia do “Correio 24h online” no contexto da pandemia da covid-19. Fólio: Revista de Letras,

v. 13, n. 2, jul./dez. 2021.

GUEDES, M. R.; RIBEIRO, M. D. A. Entre emoções de estudantes e professores de Português Língua de Acolhimento. Revista A cor das letras, v. 23, n. 3, p. 112-127, set./dez. 2022.

GIMBUTAS, M. The Civilization of the Goddess: The World of Old Europe. San Francisco: Harper, 1991.

HAN, B. C. Sociedade do cansaço. 2. ed. Tradução Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas: informação demográfica e socioeconômica. 2. ed., n. 38. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101784_informativo.pdf. Acesso em: 20 mar. 2023.

KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

MATURANA, H. Cognição, ciência e vida cotidiana. Organização e tradução de Cristina Magro e Victor Paredes. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

MATURANA, H. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

MATURANA, H. Ontologia del conversar. Revista Terapia Psicológica, ano VII, n. 10, n.p., 1988.

MATURANA, H.; VERDEN-ZÖLLER, G. Amar e brincar: fundamentos esquecidos do humano. Tradução Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo: Palas Athena, 2004.

MATURANA, H.; YÁÑEZ, X D. Habitar humano em seis ensaios de biologia-cultural. Tradução Edson Araújo Cabral. São Paulo: Palas Athena, 2009.

OLIVEIRA, Ana Cláudia Turcato de. O trabalho emocional de uma professora de inglês da escola pública: um olhar crítico para as emoções. 2021. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2021.

PELLANDA, N. M. C. Maturana e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

PESSIS, A. M.; MARTÍN, G. Das origens da desigualdade de gênero. In: CASTILLO MARTÍN, M.; OLIVEIRA, S. (org.). Marcadas a ferro: violência contra a mulher, uma visão multidisciplinar. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2005. p. 17-22.

REZENDE, T. Somos a resistência: emoções de professoras/es (de inglês) de escolas públicas. 2020. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2020.

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero e patriarcado: a necessidade da violência. In: CASTILLO MARTÍN, M.; OLIVEIRA, S. (org.). Marcadas a ferro: violência contra a mulher, uma visão multidisciplinar. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2005. p. 35-76.

TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. 4. ed. Tradução João Batista Kreuch. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.

Downloads

Publicado

15-07-2024

Como Citar

Guedes, M. R., Aragão, R. C., & Alomba Ribeiro, M. D. . (2024). Emoções e desigualdade de gênero em narrativas de professoras durante a pandemia. Revista Do GEL, 20(3), 168–192. https://doi.org/10.21165/gel.v20i3.3589

Edição

Seção

Edição Temática