A linguagem em sujeitos com a síndrome do X-Frágil: discursos e contradiscursos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2676

Palavras-chave:

fala/leitura/escrita, neurolinguística discursiva, contradispositivos.

Resumo

A linguagem ainda é alvo de avaliações descontextualizadas, amparadas em testes-padrão, que pouco consideram da subjetividade e do trabalho criativo que sujeitos, com e sem patologias, exercem sobre ela. O discurso científico, veiculado em diferentes publicações (artigos, textos em sites de associações e entidades relacionadas à patologia), sobre a Síndrome do X-Frágil não se esquiva desse olhar equivocado e reducionista sobre a linguagem. Para me contrapor a esse discurso, apresento dados do processo de aquisição e uso da fala, leitura e escrita de um sujeito portador da síndrome, destacando seu trabalho linguístico-cognitivo e as marcas de subjetividade na linguagem. A discussão dos dados procura identificar em suas dificuldades linguísticas aquilo que pode ser patológico, o que faz parte do processo normal de aquisição e uso da fala/leitura/escrita e o que pode estar relacionado a outros fatores, que podem ser de ordem social ou relativos à história de vida do sujeito.

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Biografia do Autor

Michelli Alessandra Silva, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, São Paulo, Brasil

Doutora em Linguística; Laboratório de Neurolinguística; Instituto de Estudos da Linguagem; Universidade Estadual de Campinas.

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Publicado

17-12-2020

Como Citar

Silva, M. A. (2020). A linguagem em sujeitos com a síndrome do X-Frágil: discursos e contradiscursos. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 49(3), 1675–1695. https://doi.org/10.21165/el.v49i3.2676

Edição

Seção

Artigos