A voz gutural e o death metal: regularidades estereotípicas na constituição de possíveis ethé

Autores

  • Lucas Martins Gama Khalil Universidade Federal de Rondônia

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v45i3.661

Palavras-chave:

Análise do Discurso, estereótipo, ethos, death metal.

Resumo

Este trabalho analisa alguns dos efeitos de sentido engendrados por uma específica constituição discursiva de canções do gênero musical death metal, em relação, por exemplo, à qualidade da voz empregada pelos vocalistas. O teor obscuro, animalizado e distorcido desse tipo de voz, denominada gutural, constitui um dos elementos de linguagem que, em aliança com outras materialidades (letras, capas dos álbuns, performances etc.), legitima os efeitos de sentido a serem produzidos na circulação das canções. Com base em propostas teóricas de Dominique Maingueneau, assumimos a hipótese de que a emergência do modo de enunciação do death metal não é mera “escolha estilística”, mas sim uma decorrência do modo como a prática discursiva instituída nesse gênero musical, recorrendo a estereótipos cristalizados no decorrer da história, gere os ethé dos enunciadores das canções.

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Biografia do Autor

Lucas Martins Gama Khalil, Universidade Federal de Rondônia

Professor do Departamento de Línguas Vernáculas da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Mestre e doutorando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Publicado

29-11-2016

Como Citar

Khalil, L. M. G. (2016). A voz gutural e o death metal: regularidades estereotípicas na constituição de possíveis ethé. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 45(3), 898–912. https://doi.org/10.21165/el.v45i3.661

Edição

Seção

Análise do Discurso