O projeto Bruxas Paulistas e a edição de processos eclesiásticos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v49i1.2716

Palavras-chave:

feitiçaria, Tribunal do Santo Ofício, sudeste do Brasil, documentação formal, variação e mudança linguística

Resumo

O Projeto Bruxas Paulistas constitui-se de um conjunto de treze processos eclesiásticos do século XVIII, fonte de pesquisa rica e pouco explorada de um trecho de nossa história ainda sombrio e pouco conhecido: a atuação indireta do Tribunal do Santo Ofício na região sudeste do Brasil. Igualmente, segundo Fernandes (2012), tais processos podem trazer uma significativa representação da língua falada para épocas pretéritas, captando variações já perceptíveis na oralidade, dada a preocupação do escrivão em registrar depoimentos ipsis litteris e com rapidez. A pesquisa ratifica, portanto – pela análise do processo de Santa Joana Gil – a importância de transcrever filologicamente essa documentação para se conhecer melhor a história desse período colonial brasileiro e resgatar possíveis indícios de variação e mudança linguística ocorridos no século XVIII.

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Biografia do Autor

Marcelo Módolo, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo

Marcelo Módolo é professor pesquisador da Universidade de São Paulo e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – nível 2 (processo número 308793/2019-6). É mestre (1998) e doutor (2004) em Filologia e Língua Portuguesa pela mesma Universidade. Cumpriu estágio de pós-doutorado (2006) em Linguística Histórica e Semântica Cognitiva no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, é professor de Filologia e Língua Portuguesa no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

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Publicado

01-05-2020

Como Citar

Módolo, M. (2020). O projeto Bruxas Paulistas e a edição de processos eclesiásticos. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 49(1), 226–240. https://doi.org/10.21165/el.v49i1.2716

Edição

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Artigos