Empréstimos de conjunções e subordinadores do Português em Nheengatu

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v50i1.2928

Palavras-chave:

contato linguístico, empréstimo, conjunções, Português Brasileiro, Nheengatu.

Resumo

Estudos demonstram que os empréstimos linguísticos também ocorrem em classes gramaticais, como a das conjunções, conforme Muysken (1981) e Matras (2009), embora sejam mais comuns em classes lexicais. Por isso, este artigo discute a acessibilidade de conjunções a se manifestarem como empréstimos. Para tanto, faz-se uma análise dos empréstimos de conjunções do Português Brasileiro (PB) que são utilizadas em Nheengatu (NG). A partir da comparação entre dados, foram identificados empréstimos como o da adversativa “mas” (em Nheengatu, “ma”) e do advérbio de tempo dêitico “agora”, que adquiriu, em um processo de gramaticalização, também a função de conjunção de ressalva, a qual foi transportada para o NG. Pôde-se confirmar a abertura das línguas para empréstimos de conjunções e que termos de funções ambíguas no PB são transportados com função mais delimitada para o NG.

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Biografia do Autor

Gláucia Vieira Cândido, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brasil

é Bacharel em Língua Portuguesa e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG), 1995; licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2010; possui mestrado (1998) e doutorado (2004) em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente, realiza estágio de pós-doutoral na Área de Filologia e Língua Portuguesa (AFLP), do  Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV), da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP),, sob supervisão da Profa. Dra. Maria Aparecida Correa Ribeiro Torres Morais.  É professora associada na Universidade Federal de Goiás (UFG) e professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar  em Educação, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Possui experiência na área de Linguística, com ênfase em Línguas Indígenas, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguística, Línguas Indígenas, Família Pano, Língua Shanenawa; Educação Indígena; línguas em contato; Português Brasileiro (PB) indígena. Também atua na área de Língua Portuguesa, com enfoque especial sobre o ensino de gramática (morfologia e sintaxe) e de leitura e produção textual.

Aline da Cruz, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brasil

é bacharel em Linguística e Letras-Português pela Universidade de São Paulo (2003), mestre em Linguística pela mesma universidade (2005) e doutora em Linguística pela Universidade Livre de Amsterdam (2011). Em 2016, realizou estágio pos-doutoral em Indigenous Heritage, na Faculdade de Arqueologia, da Universidade de Leiden, com bolsa do ?Coimbra Group Scholarship Programme for Young Professors and Researchers from Latin American Universities?. Atualmente, é professora adjunta da Universidade Federal de Goiás, onde atua na Licenciatura em Educação Intercultural do Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena. Entre 2012 e 2018, atuou na graduação em Letras (Português e línguas estrangeiras), Letras-Libras, no Bacharelado em Linguística. Ademais, participa do Núcleo de Tipologia Linguística, grupo de pesquisadores que descreve e analisa línguas indígenas sulamericanas. Em sua atuação como pesquisadora, desenvolve estudos em tipologia linguística, com enfoque na descrição e análise de línguas indígenas da família Tupi-Guarani e nos estudos do contato linguístico, particularmente no que concerne ao contato entre línguas gerais, entre línguas gerais e Português, e entre línguas gerais e outras línguas indígenas. Mãe de um menino, esteve em licença maternidade entre setembro de 2019 e março de 2020.

Giovana Alves de Oliveira, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brasil

mestranda em Letras e Linguística (PPGLL) pela Universidade Federal de Goiás (UFG), pós-graduada em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e graduada em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Tem por interesse os estudos relacionados à área de Linguística, mais especificamente, análise e descrição de Línguas Indígenas, com ênfase em Tipologia Linguística, Fonologia e Linguística Histórica.

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Publicado

29-04-2021

Como Citar

Cândido, G. V., Cruz, A. da, & Oliveira, G. A. de. (2021). Empréstimos de conjunções e subordinadores do Português em Nheengatu. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 50(1), 91–107. https://doi.org/10.21165/el.v50i1.2928

Edição

Seção

Artigos