A grafia usada nos livros didáticos oitocentistas: representação pseudoetimológica ou etimologizante?

Autores

  • Monalisa dos Reis Aguiar Universidade do Estado da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia, Brasil

Palavras-chave:

ortografia, pseudoetimologia, etimologizante

Resumo

Neste trabalho, por meio de análise dos vocábulos utilizados nos livros didáticos de maior circulação no Brasil oitocentista, objetivamos verificar em que medida a grafia do período pode realmente ser considerada pseudoetimológica, conforme considera parte da literatura sobre o assunto. Para tanto, apoiados nos pressupostos teóricos da História das Ideias Linguísticas, examinamos vocábulos retirados de três livros didáticos direcionados ao ensino primário da época: Cartilha da Infância; Cartilha Nacional; e Primeiro Livro de Leitura. No percurso metodológico, seguimos os princípios propostos por Auroux (1992, p. 13): a definição puramente fenomenológica do objeto; a neutralidade epistemológica; e o historicismo moderado. Sendo assim, a ortografia não foi vista como um objeto de natureza estável; ao contrário, foi vista levando-se em conta a diversidade e os saberes sobre ela constituídos, pois, por ser um produto histórico, a ortografia é resultante da interação entre as tradições e contexto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIAR, M. dos R. A ortografia da língua portuguesa na segunda metade do século XIX e início do século XX: dos projetos de reforma ao acordo ortográfico de 1931. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

AGUIAR, M. dos R. Ortografia brasileira oitocentista nos livros didáticos e na Constituição de 1891: norma ou anarquia? Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

AGUIAR, M. dos R.; FÁVERO, L. L. Nacionalismo Linguístico e conservadorismo na ortografia brasileira. In: SILVA, M. P. da. Ortografia da língua portuguesa: história, discurso e representações. São Paulo: Contexto, 2009. p. 133-148.

AUROUX, S. Histoire de sciences et entropie dês systèmes scientifiques. In: SCHMITTER, P. (Org.). Gescheichte der Sprachtheorie. Tübingen: Gunter Narr, 1987. p. 20-42 (Introduction).

AUROUX, S. Historie des idées linguistiques. Bruxelas: Mardaga, 1992.

BITTENCOURT, C. M. F. Livro didático e conhecimento histórico: uma história do saber escolar. Tese (Doutorado em História Social?) – FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

CAGLIARI, L. C. Algumas reflexões sobre o início da ortografia da língua portuguesa. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 27, p. 103-111, 1994.

CAGLIARI, L. C. Aspectos teóricos da ortografia. In: SILVA, Maurício Pedro da. Ortografia da língua portuguesa: história, discurso e representações. São Paulo: Contexto, 2009a. p. 17-52.

CAGLIARI, L. C. A história do alfabeto. São Paulo: Paulistana, 2009b.

CAVALIERE, R. Fonologia e morfologia na gramática científica brasileira. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal de Fluminense, 2000.

CAVALIERE, R. Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

COUTINHO, I. Pontos de gramática histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.

CUNHA, A. G. da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital, 2007.

GALHARDO, T. Cartilha da Infancia: ensino da leitura. 41. ed. (modificada e ampliada pelo professor Romão Puiggari). Rio de Janeiro: Livraria Classica de São Francisco Alves & Cia., 1908.

GOMES, A. Grammatica Portugueza. 17. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1918.

KEMMLER, R. Para uma história da ortografia portuguesa: o texto metateórico e a sua periodização do século XVI até à reforma ortográfica de 1911. Frankfurt: Instituto Camões, 2001.

KEMMLER, R. Para uma história da ortografia simplificada. In: SILVA, M. P. da (Org.) Ortografia da língua portuguesa: história, discurso e representações. São Paulo: Contexto, 2009. p. 53-114.

MACIEL, M. Grammatica da Lingua Portugueza. 6 ed. São Paulo: Francisco Alves & Cia., 1916.

ORLANDI, E. P. História da Ideias Linguísticas: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. São Paulo: Pontes; Mato Grosso: Unemat Editora, 2001.

ORLANDI, E. P. Língua e conhecimento linguístico: para uma história das ideias no Brasil. São

Paulo: Cortez, 2002.

RIBEIRO, H. Cartilha Nacional: ensino simultaneo da leitura e calligraphia. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1885.

RIBEIRO, J. Grammatica Portugueza. São Paulo: Typografia de Jorge Seckler, 1881.

SÁ NOGUEIRA, R. Subsídios para o estudo das consequências da analogia em português. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1937.

SILVA, A. M. de. Diccionario da Lingua Portugueza. 6. ed. Lisboa: Typhografia de Antonio José da Rocha, 1858a.

SILVA, J. P. da. A nova ortografia da língua portuguesa. Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2009a.

SILVA, M. P. da. A academia Brasileira de Letras e a reforma ortográfica no Brasil. In: SILVA, M. P. da. (Org.) Ortografia da língua portuguesa: história, discurso e representações. São Paulo: Contexto, 2009b.

SILVA, M. P. da S. Jr.; ANDRADE, B. P. L. de. Grammatica da Lingua Portugueza. 2. ed. São Paulo: Livraria Clássica de Alves & Cia., 1894.

Downloads

Publicado

21-04-2015

Como Citar

Reis Aguiar, M. dos. (2015). A grafia usada nos livros didáticos oitocentistas: representação pseudoetimológica ou etimologizante?. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 43(01), 188–200. Recuperado de https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/430

Edição

Seção

Historiografia Linguística