Os não-linguistas e a mobilização de práticas emancipatórias nas discursividades contemporâneas
DOI:
https://doi.org/10.21165/el.v52i3.3678Resumen
A Linguística Popular, campo de estudos da linguagem já bem constituído no contexto estadunidense, a partir dos trabalhos de Niedzielski e Preston (1999 e 2003) e no francês, a partir dos trabalhos de Paveau (2008 e 2019), começa a produzir os seus primeiros resultados no Brasil com os trabalhos de Baronas e seu grupo. Segundo Baronas (2021), a Linguística Popular/Folk Linguistics designa as práticas linguísticas espontaneamente construídas pelos mais diversos sujeitos, que não estão necessariamente fundamentados em uma lógica de uma teoria da linguagem. Compreendemos, na esteira de Marie-Anne Paveau (2018), que as abordagens científica e popular são anti-eliminativas, assim a Linguística Popular não se coloca em oposição à Linguística Acadêmica. Esse campo de estudos, a partir do viés francês, se debruça, reflexivamente, sobre as práticas linguísticas dos não-linguistas, isto é, busca entender o funcionamento de práticas categorizadas como descritivas, prescritivas, intervencionistas e emancipatórias de sujeitos que não têm formação em Linguística, mas mesmo assim, produzem saberes sobre a própria língua e a língua dos outros. Neste trabalho, procuraremos levantar um conjunto de práticas linguistas emancipatórias, nas quais predominam a questão ética em detrimento da estética, que circulam no ambiente digital, buscando compreendê-las de modo a empreender uma tipologia específica para tais práticas em virtude do corpus de análise selecionado, denominadas como práticas originárias. Ainda, à luz de um diálogo teórico-metodológico entre a Linguística Popular e a Análise de Discurso na sua vertente francesa, procuraremos entender até que ponto tais práticas emancipatórias influenciam nas práticas discursivas de outros sujeitos, já que temos diversas discussões ou, até mesmo, indicações de utilização ou não utilização de determinado léxico por não-linguistas. Em última instância, é essa nossa questão de fundo, verificar em que medida, para além do politicamente correto, as ditas práticas emancipatórias produzem reconfigurações linguísticas nas falas das pessoas.
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