Entoação gramatical e afetiva: comparação entre pessoas com esquizofrenia e entre os gêneros sexuais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v19i2.3365

Palavras-chave:

Prosódia. Entoação. Esquizofrenia. Análise acústica. Português do Brasil.

Resumo

Este trabalho analisa a distinção entre o que chamamos de prosódia afetiva e gramatical com base no modelo do aplicativo ExProsodia. Para isso, extraímos parâmetros relacionados à produção da prosódia afetiva e gramatical e comparamos os resultados obtidos entre sujeitos com esquizofrenia e os sujeitos do grupo controle, estes divididos pela variável autodeclarada gênero (masculino e feminino). Analisaram-se dados extraídos de 15 amostras de pacientes com esquizofrenia (dois femininos e quatro masculinos) e de 30 amostras de sujeitos do grupo controle (15 homens e 15 mulheres), coletados no site YouTube, de pessoas que não apresentavam nenhuma psicose evidente. A comparação do uso de entoação gramatical com a afetiva mostrou que a relação é estatisticamente diferente entre os sujeitos do grupo-controle masculino e os pacientes com esquizofrenia (p<0,001) e parcialmente semelhante entre os sujeitos do grupo-controle feminino e os pacientes com esquizofrenia (p<0,05). Os resultados indicam que elas são parcialmente semelhantes entre os sujeitos do grupo-controle (p<0,05). Para testar esse segundo resultado, observamos que indivíduos do sexo masculino produzem mais parâmetros relacionados à função gramatical do que o grupo feminino (2,43 > 1,95), permitindo diferenciar as amostras. Enfatiza-se mais pesquisas serem necessárias para explicar essas singularidades entoacionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDREASEN, N. C. Negative symptoms in schizophrenia: definition and reliability. Archives of general psychiatry, v. 39, n. 7, p. 784-788, 1982.

ALPERT, M. et al. Prosody and lexical accuracy in flat affect schizophrenia. Psychiatry Research, v. 97, n. 2-3, p. 107-118, 2000.

ALPERT, M. et al. Vocal Acoustic Correlates of Flat Affect in Schizophrenia. Journal of Psychiatry, British, v. 154, n. S4, p. 51–56, 1989.

ALPERT, M.; KOTSAFTIS, A.; POUGET, E. R. Speech Fluency and Schizophrenic Negative Signs. Schizophrenia Bulletin, v. 23, n. 2, p. 171–177, jan. 1997.

AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th. ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.

AUBERGÉ, V. A Gestalt morphology of prosody directed by functions: the example of a step by step model developed at 2002. In: SPEECH PROSODY, 1., Aix-en-Provence, 2002. Proceedings […]. 2002. p. 151-155.

BLEULER, P. E. Demencia precoz: el grupo de las esquizofrenias. Tradução de Daniel Ricardo Wagner. Buenos Aires: Editorial Paidós, 1993.

BOLINGER, D. L. Intonation and Its Parts: Melody in Spoken English. Stanford: Stanford University Press, 1986.

BOROD, J. C. et al. A preliminary comparison of flat affect schizophrenics and brain-damaged patients on measures of affective processing. Journal of Communication Disorders, v. 22, n. 2, p. 93–104, 1989.

BOZIKAS, V. P. et al. Impaired Perception of Affective Prosody in Schizophrenia. The Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences, v. 18, n. 1, p. 81-85, 2006.

CARREIRO, J. C. Entoação e gênero – O que há? In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA USP, 28. 2020.

CHAVES, A. C. Diferenças entre os sexos na esquizofrenia. Brazilian Journal of Psychiatry, n. 22, suppl. 1, 2000.

COMPTON, M. T. et al. The aprosody of schizophrenia: Computationally derived acoustic phonetic underpinnings of monotone speech. Schizophrenia Research, v. 197, p. 392–399, 2018.

DE LOOZE, C. et al. Investigating automatic measurements of prosodic accommodation and its dynamics in social interaction. Speech Communication, n. 58, p. 11–34, 2014.

FERREIRA-NETTO, W. ExProsodia. Revista da Propriedade Industrial–RPI, 2038, item 120, em 26 out. 2010.

FERREIRA NETTO, W.; MARTINS, M. V. M.; VIEIRA, M. de F. Efeitos da entoação e da duração na análise automática das manifestações emocionais. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), v. 43, p. 23-32, 2014.

FERREIRA NETTO, W.; PERES, D. O.; MARTINS, M. V. M.; VIEIRA, M. de F. Tentativa de disposição de registros entoacionais num eixo horizontal organizado pela tensão entoacional. Gradus - Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório, v. 2, n. 1, p. 14-29, 2017.

FERREIRA-NETTO, W. et al. Análise automática da entoação emotiva (colérica, triste e neutra) pelo aplicativo ExProsodia. In: BRAZILIAN SYMPOSIUM IN INFORMATION AND HUMAN LANGUAGE TECHNOLOGY AND COLLOCATED EVENTS, 9, Fortaleza, 2013a. Proceedings-BRACIS 2013. Disponível em: http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/jdp/ 2013/001.pdf. Acesso em: 31 maio 2022.

GELDER, M.; MAYOU, R.; COWEN, P. Tratado de psiquiatria. Tradução de Fernando Diniz Mundim e Martha Luiza Quintella Alves Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

GUR, R. E. et al. Flat affect in schizophrenia: relation to emotion processing and neurocognitive measures. Schizophrenia bulletin, v. 32, n. 2, p. 279–287, abr. 2006.

HIRST, D. A multi-level, multilingual approach to the annotation and representation of speech prosody. In: SHATTUCK-HUFNAGEL, S.; BARNES, J. (org.). Prosodic Theory and Practice. Cambridge: The MIT Press, 2022. p. 117-149.

HUCKVALE, M. A. et al. The SPAR Speech Filing System. In: EUROPEAN CONFERENCE ON SPEECH TECHNOLOGY. Edinburgh, 1987.

HUCKVALE, M. Speech Filing System v.4.7/Windows SFSWin 2008.

JORGE, A. C. A. Prosódia afetiva na esquizofrenia. 2019. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

KRAEPELIN, E. Lectures on Clinical Psychiatry. New York: Willian Wood & Company, 1904.

KRAEPELIN, E. A demência precoce. 1ª parte. Tradução de Virgínia Ramos. Forte da Casa: Editora Climepsi, 2004.

MARTINS, M. V. M.; FERREIRA-NETTO, W. Prosódia e escalas de frequência: um estudo em torno da escala de semitons. ReVEL, n. 8, n. 15, 2010.

MARTINS, M. V. M.; FERREIRA-NETTO, W. Proposal of description for an intonation pattern: The simulacrum of neutral intonation. The Journal of the Acoustical Society of America. n. 141, p. 3701, 2017.

MARTINS, T.; FERREIRA-NETTO, W. Relação entre variação de tom médio da fala e comportamento do falante. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo, 2010.

MICHELAS, A. et al. Do patients with schizophrenia use prosody to encode contrastive discourse status? Frontiers in Psychology, v. 5, p. 1–13, jul. 2014.

MITCHELL, R. L. C.; CROW, T. J. Right hemisphere language functions and schizophrenia: The forgotten hemisphere? Brain, v. 128, n. 1, p. 963–978, 2005.

MONRAD-KROHN, G. H. Dysprosody or altered “melody of language”. Brain, v. 70, p. 405–415, 1947.

MONRAD-KROHN, G. H. The Third Element of Speech: Prosody in the Neuro-Psychiatric Clinic. Journal of Mental Science, v. 103, n. 431, p. 326–331, 1957.

NASLUND, J. A. et al. Health Behavior Models for Informing Digital Technology Interventions for Individuals with Mental Illness. Psychiatric rehabilitation journal, v. 40, n. 3, p. 325–333, 2017.

PADILHA, M. N. Análise da entoação em pacientes com esquizofrenia. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA USP, 28.

PIERREHUMBERT, J. B. The Phonology of Phonetic of English Intonation. M.I.T., Cambridge, 1980.

PISANSKI, K.; GROYECKA-BERNARD, A.; SOROKOWSKI, P. Human voice pitch measures are robust across a variety of speech recordings: methodological and theoretical implications. Biology Letters, v. 17, p. 1-6, out. 2021.

PITTAM, J.; SCHERER, K. R. Vocal expression and communication of emotion. In: LEWIS, M.; HAVILAND, J. M. (org.). Handbook of Emotions. New York, London: The Guilford Press, 1993. p. 185–197.

RAPCAN, V. et al. Acoustic and temporal analysis of speech: a potential biomarker for schizophrenia. Medical Engineering and Physics, v. 32, n. 9, p. 1074-1079, jul. 2010.

RINGEVAL, J. et al. Automatic Intonation Recognition for the Prosodic Assessment of Language Impaired Children. Transactions on Audio, Speech, and Language Processing, v. 19, n. 5, p. 1328-1342, 2011.

RILLIARD, A.; AUBERGÉ, V. Prosody Evaluation as a Diagnostic Process: Subjective vs. Objective Measurements. International Journal of Speech Technology, n. 6, p. 409–418, 2003.

SCHOLTEN, M. R. M.; ALEMAN, A.; KAHN, R. S. The processing of emotional prosody and semantics in schizophrenia: relationship to gender and IQ. Psychological Medicine, v. 38, n. 6, p. 887-898, 2008.

SCHÖTZ, S. Trying to Improve an Automatic Estimator of Speaker Age. Course in Forensic Phonetics Course Paper, p. 1-11, 2004.

TODOROV, T. Les genres du discours. Paris: Édition de Seuil, 1978.

TOIVANEN, J.; VÄYRYNEN, E.; SEPPÄNEN, T. Automatic Discrimination of Emotion from Spoken Finnish. Language and Speech, v. 47, n. 4, p. 383-412, 2004.

VASSOLER, A. M. O.; MARTINS, M. V. M. A entoação em falas teatrais: uma análise da raiva e da fala neutra. Revista Estudos Linguísticos: 9-18 p. 2013.

WEISS, E. M. et al. Diferencias de género en el reconocimiento de la emoción facial en personas con esquizofrenia crónica. European Psychiatry (Ed. Española), v. 14, n. 7, p. 335–342, 2007.

Downloads

Publicado

01-06-2023

Como Citar

Ferreira Netto, W., Martins, M. V. M. ., Aparecida Jorge, A., Costa Carreiro, J., & Nitzschke Padilha, M. (2023). Entoação gramatical e afetiva: comparação entre pessoas com esquizofrenia e entre os gêneros sexuais. Revista Do GEL, 19(2), 57–74. https://doi.org/10.21165/gel.v19i2.3365

Edição

Seção

Artigos