O conceito de sílaba em João de Barros (1540)
The Concept of the Syllable in João de Barros (1540)
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v21i3.3749Palavras-chave:
Gramaticografia. Humanismo renascentista. Sílaba. Língua Portuguesa. João de Barros.Resumo
O artigo trata do conceito quinhentista de sílaba, que era o elemento fundamental da prosódia, na obra Gramática da língua portuguesa (Barros, 1540) de autoria do humanista João de Barros (c.1496-1570), considerada a primeira gramática humanística que descreveu a língua portuguesa. A obra de João de Barros teve uma possível recepção no pensamento linguístico de José de Anchieta (1534-1597), autor do primeiro texto gramatical escrito no território do Brasil. Nosso intuito é debater, em perspectiva historiográfica, como Barros definiu o conceito de sílaba, que foi derivado inicialmente da tradição de pensamento gramatical e filosófico greco-latino, e se tornou um metatermo gramatical importante na descrição dos sons da língua portuguesa desde o século XVI, quando iniciou o processo de gramatização das línguas naturais no contexto do Renascimento europeu. Barros empregou uma visão teórica dos acidentes da sílaba em sua descrição gramatical e esse é o tema central do estudo. O emprego do metatermo sílaba é contínuo até o advento da Linguística contemporânea, e é registrado ainda nos dias de hoje como um instrumento didático para a aquisição da escrita e para o letramento em língua portuguesa. Para a análise da descrição do conceito quinhentista de sílaba, utilizamos os pressupostos teórico-metodológicos da Historiografia da Linguística, ao propor uma análise historiográfica sobre o tema, que vincula a sílaba historicamente não só à gramática do século XVI, mas também ao canto e à poesia quinhentistas. Por fim, concluímos que Barros registrou em sua gramática a diferença da prosódia da língua portuguesa em relação ao latim, ao demonstrar por sua descrição gramatical como ocorria a acentuação em língua portuguesa especificamente.
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