Sincronia em historiografia linguística: Said Ali e o estruturalismo linguístico

Synchrony in Linguistic Historiography: Said Ali and the Linguistic Structuralism

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v21i3.3814

Palavras-chave:

Metodologia da Historiografia Linguística. Gramaticografia brasileira. Said Ali.

Resumo

Este texto é sobre dificuldades que o historiógrafo enfrenta ao revisitar o cânone de uma tradição de estudos linguísticos já estabelecida, como é o caso do chamado período científico da gramaticografia brasileira. Situados pela historiografia linguística do século XIX, aproximadamente entre 1880 e 1881, ano da primeira edição da gramática de Júlio Ribeiro (1845-1890), (v. Ribeiro, 1883) e 1930, momento da compilação das gramáticas de Manuel Said Ali Ida (1861-1953), (v. Said Ali, 1931a, 1931b, 1964), os escritos gramaticais incluídos neste período constituem uma série em que os de autoria de Ali são avaliados como precursores dos movimentos teóricos que estavam por vir, como o estruturalismo linguístico. As seções que se seguem problematizam essa questão do ponto de vista do historiógrafo que tem diante de si interpretações consagradas sobre a tradição sobre a qual se debruça e propõem alguns procedimentos que visam a reduzir este viés.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALTMAN, C. A Guerra fria estruturalista. São Paulo: Parábola, 2021.

ALTMAN, C. A pesquisa linguística no Brasil 1968-1988. 2. ed. São Paulo: Humanitas, 2004.

ALTMAN, C. Léxico gramatical Tupinambá/ Nheengatu (XVI-XIX). Berlin: Iberoamerikanisches Institut Preussischer Kulturbesitz, 2014. Manuscrito inédito.

ALTMAN, C. Retrospectivas e perspectivas da Historiografia da Linguística no Brasil. Revista Argentina de Historiografia Linguística, v. 1, n. 2, p. 115-136, 2009.

ALTMAN, C. Saussure and the Brazilian ‘scientific grammar’ (1880-1930). Lingua et Historia. Revista da Henry Sweet Society for the History of the Linguistic Ideas, 2024a. No prelo.

ALTMAN, C. Linguística Estruturalista. In: FLORES, W.; OTHERO, G. (org.). A Linguística hoje: historicidade e generalidade. São Paulo: Contexto, 2024b.

ALTMAN, C. A questão do ‘pioneirismo’ na história da linguística, ou, a divergência entre Eugênio Coseriu e E.F.K. Koerner. Resumo apresentado no Encontro em homenagem a Eugenio Coseriu, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 4 nov. 2024c.

ALTMAN, C. O Estruturalismo saussuriano e a ciência positiva de Said Ali. Apresentado em Mesa Redonda no evento ABRALIN ao Vivo, 24 ago. 2024d.

ALTMAN, C.; CASTILHO, A. T. de. Brazilian Portuguese linguistics: An overview. In: KABATEK, J.; WALL, A. (org.). Manual of Brazilian Portuguese Linguistics. Berlin; Boston: de Gruyter, 2022. p. 23-51.

BECHARA, E. Apresentação. Primeiros ecos de F. de Saussure na gramaticografia de língua portuguesa. In: SAID ALI, M. Dificuldades da língua portuguesa. 7. ed. Rio de Janeiro: ABL; Biblioteca Nacional, 2008. p. XVII-XXVI.

BECHARA, E. M. Said Ali e sua contribuição para a filologia portuguesa. 2. ed. 1962. Tese (Concurso para Professor Titular) – Instituto de Educação do Estado da Guanabara, Rio de Janeiro, 1962. Disponível em: http://www.filologia.org.br/textos/bechara1962-a.pdf. Acesso em: 17 maio 2024.

BORGES NETO, J. História da gramática. Curitiba: Editora UFPR, 2022.

BRUGMANN, K.; OSTHOFF, H. Preface to Morphological Investigations in the sphere of the Indo-European languages I. In: LEHMANN, W. P. (ed.). A reader in nineteenth-century historical indo-european linguistics. Bloomington; London: Indiana University Press, 1967. p. 197-209.

CAVALIERE, R. História da gramática no Brasil. Séculos XVI a XIX. São Paulo: Vozes, 2022.

CAVALIERE, R. O estruturalismo chega ao Brasil: Manuel Said Ali e Joaquim Mattoso Câmara Jr. In: BASTOS, N. B. (org.). Língua portuguesa: história, memória e interseções lusófonas. São Paulo: EDUC; IP-PUC-SP, 2018. p. 103-120.

COELHO, O.; DANNA, S. M. D. G. História da língua portuguesa e historiografia linguística no Brasil em cinco gramáticas do século XIX. Confluência, v. 49, p. 215-235, 2015. Disponível em: https://revistaconfluencia.org.br/rc/article/view/89/74. Acesso em: 17 maio 2024.

COELHO, O.; DANNA, S. M. D. G.; POLACHINI, B. O português do Brasil em gramáticas brasileiras do século XIX. Confluência, v. 46, p. 115-142, 2014.

COSERIU, E. Georg von der Gabelentz y la lingüística sincrónica. In: COSERIU, E. Tradición y novedad en la ciencia del lenguaje. Estudios de historia de la lingüística. Madrid: Gredos, 1977. p. 200-250.

GOMES, A. A. Grammatica portugueza. 16. ed. Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte: Francisco Alves, 1915.

HARDING, S. Rethinking Standpoint Epistemology: What is ‘Strong Objectivity? In: HARDING, S. (ed.). The femininst standpoint theory reader: intellectual and political controversies. New York: Routledge, 2004.

JAKOBSON, R. Fonema e fonologia. Seleção, tradução e notas por Joaquim Mattoso Câmara. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1967.

KOERNER, E. F. K. 1876 as a turning point in the History of Linguistics. In: Toward a historiography of linguistics: Selected essays. Amsterdam: John Benjamins, 1978. p. 189-209.

KOERNER, E. F. K. European structuralism: Early beginnings. In: SEBEOK, T. (ed.). Historiography of Linguistics, v. 13. The Hague; Paris: Mouton, 1975. p. 717-827.

KOERNER, E. F. K. Georg von der Gabelentz and Ferdinand de Saussure: The problem of influence. In: Saussurean studies/ Etudes saussuriennes. Genève: Slatkine, 1988. p. 51-66.

KUHN, T. The estructure of scientifc revolutions. Chicago: Univ. of Chicago Press, 1962.

LACEY, H. Valores e atividade científica 2. São Paulo: Editora 34, 2010.

LEHMANN, W. P. A reader in nineteenth-century historical indo-european linguistics. Bloomington; London: Indiana University Press, 1967.

LEHMANN, W. P. Historical linguistics. 3. ed. London; New York: Routledge, 1992.

MACIEL, M. Grammatica descriptiva. Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte: Francisco Alves, 1914.

MAIA, Z. do P. M. Grammatica da língua portugueza. 3. ed. v. I, II. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1914.

MATTOSO CAMARA JR., J. Introdução às línguas indígenas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1965.

MATTOSO CAMARA JR., J. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1953.

MATTOSO CAMARA JR., J. Said Ali e a língua portuguesa. In: UCHÔA, C. E. F. (org.). Dispersos de J. Mattoso Câmara Jr. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p. 223-226.

PINTO, E. P. Introdução. In: PINTO, E. P. (org.). O Português do Brasil: textos críticos e teóricos, v. 1: 1820/1920, fontes para a teoria e a história. Rio de Janeiro; São Paulo: Livros Técnicos e Científicos; Editora da Universidade de São Paulo, 1978. p. XV-LVIII.

PINTO, E. P. Introdução. In: PINTO, E. P. (org.). O Português do Brasil: textos críticos e teóricos, v. 2: 1920/1945, fontes para a teoria e a história. Rio de Janeiro; São Paulo: Livros Técnicos e Científicos; Editora da Universidade de São Paulo, 1981. p. XIII-LI.

POLACHINI, B. S. O tratamento da sintaxe em gramáticas brasileiras do século XIX: um estudo historiográfico. 2013. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

POLACHINI, B. S. Uma história serial e conceitual da gramática brasileira oitocentista de Língua Portuguesa. 2018. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

POLACHINI, B.; VIDAL NETO, J. B. C. As mulheres nos estudos linguísticos brasileiros (1890-1960). In: ALTMAN, C.; LOURENÇO, J. (eds.). Feminino em historiografia linguística: Américas. v. I. Campinas: Pontes, 2023. p. 171-227.

RAZZINI, M. de P. G. O espelho da nação: a Antologia Nacional e o ensino de português e literatura (1838-1971). 2000. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de Campinas, Campinas, 2000.

RIBEIRO, J. Grammatica portugueza. 2. ed. São Paulo: Teixeira e Irmão, 1883.

ROSSI, N. Atlas prévio dos falares baianos. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1963.

ROSSI, N. Atlas prévio dos falares baianos: introdução, questionário comentado, elenco das respostas transcritas. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1965.

SAID ALI, M. A colocação dos pronomes pessoais na linguagem corrente. Revista Brazileira, Rio de Janeiro; São Paulo: Laemmert & C., v. 1, p. 301-314, 1895a.

SAID ALI, M. Dificuldades da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Besnard Frères, 1919.

SAID ALI, M. Gramática secundária e gramática histórica da língua portuguesa. 3. ed. Edição por Evanildo Bechara e Maximino de Carvalho e Silva. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1964.

SAID ALI, M. Verbos sem sujeito segundo publicações recentes. Revista Brazileira, Rio de Janeiro; São Paulo: Laemmert & C., v. 1, p. 39-48, p. 108-115, 1895b.

SAPIR, E. Language: an introduction to the study of speech. New York: Harcourt, Brace and Co., [s.d.].

SAUSSURE, Ferdinand. 1916. Cours de linguistique générale. Ed. por Charles Bally, and Albert Sechehaye. Lausanne/ Paris: Mouton.

VIDAL NETO, J. B. C. A formação do pensamento linguístico brasileiro: entre a gramática e novas possibilidades de tratamento da língua (1900-1940). 2021. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.

VIEIRA, F. E. A gramática tradicional. História crítica. São Paulo: Parábola, 2018.

Downloads

Publicado

19-08-2025

Como Citar

Altman, M. C. F. S. (2025). Sincronia em historiografia linguística: Said Ali e o estruturalismo linguístico: Synchrony in Linguistic Historiography: Said Ali and the Linguistic Structuralism. Revista Do GEL, 21(3), 126–146. https://doi.org/10.21165/gel.v21i3.3814

Edição

Seção

Edição Temática