A correlação consecutiva tão/tanto... que, sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional

Autores

  • Erotilde Goreti Pezatti Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil https://orcid.org/0000-0001-8822-9587

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v22i1.3982

Palavras-chave:

Gramática funcional. Correlação. Equiordenação. Consecutiva. Tão. Tanto.

Resumo

Investigam-se aqui as construções em que são combinadas duas unidades sintáticas, contendo a palavra tão ou tanto na primeira unidade e que na segunda. Tomando como aparato teórico a Gramática Discursivo-Funcional (Hengeveld; Mackenzie, 2008 e Keizer, 2015), identificam-se os tipos de configurações sintáticas básicas que caracterizam a correlação consecutiva no português. Como universo de investigação, utilizam-se dois corpora de língua falada, o “Português oral” e o NURC. Selecionadas as ocorrências e analisadas de acordo com critérios que perpassam os quatro níveis do Componente Gramatical do modelo da Gramática Discursivo-Funcional, os resultados mostram que as construções formadas pelos operadores tão…que e tanto...que constituem, no Nível Interpessoal, um Ato Discursivo Declarativo enfático. No Nível Representacional, são combinados dois Estados de Coisas, sendo o primeiro indicativo da causa que desencadeia a consequência expressa no segundo evento. No Nível Morfossintático, as duas unidades combinadas pelo par correlativo são mutuamente dependentes, embora nenhuma seja constituinte da outra, compondo assim uma única Expressão Linguística, o que configura uma Equiordenação. A unidade que expressa a consequência posiciona-se depois da causa. O tipo de entidade semântica que cada operador escopa diferencia as construções: tão escopa uma propriedade adjetiva e tanto, uma propriedade verbal, variando a posição de acordo com escopo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Erotilde Goreti Pezatti, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil

É graduada em Letras (Licenciatura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho  e concluiu Pós-Doutorado em Gramática Discursivo-Funcional pela Universidade de Amsterdã - Holanda (2005) e pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional em Lisboa - Portugal (2012). Professora Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Campus de São José do Rio Preto, atua na Graduação e na Pós-Graduação, na linha de pesquisa Descrição e análise funcional de língua falada  e escrita. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, desde 1994, e líder do Grupo de Pesquisa em Gramática Funcional (GPGF), cadastrado no CNPq desde 2002. Atualmente exerce a função de coordenadora da Área de Linguística da FAPESP e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UNESP/SJRP. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente no desenvolvimento de temas como: ordenação de constituintes na sentença, articulação de orações, estrutura argumental e tipologia linguística.

Referências

AZEREDO, J. C. de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.

BAGNO, M. Gramática Pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

CAMARA Jr., J. M. Dicionário de Linguística e Gramática. Petrópolis: Vozes, 1981.

CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. 1. ed., 5ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2012.

GARCIA, O. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1968.

HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar: A typologically-based theory of language structure. Oxford: Oxford University Press, 2008.

KEIZER, E. A Functional Discourse Grammar for English. United Kingdom: Oxford University Press, 2015.

KENEDY, E.; OTHERO, G. de Á. Para conhecer sintaxe. São Paulo: Contexto, 2018.

MÓDOLO, M. As construções correlatas. In: NEVES, M. H. M. Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo, Contexto, 2016. vol. 5. p. 191-203.

MÓDOLO, M. Tentativa de fixar uma tipologia sintática para as sentenças correlatas. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 40 (1), p. 459-469, 2011.

MÓDOLO, M. Correlação: Estruturalismo versus Funcionalismo. (Pré) publications: forskning og undervisning. Danmark: Romansk Institut, Aarhus Universitet, 1999.

NASCIMENTO, M. C. S. do. Correlação consecutiva. In: ROSÁRIO, I. C. (org.). Correlação em língua portuguesa. 1. ed. Campinas: Pontes Editores, 2024.

OITICICA, J. Manual de estilo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1959.

RODRIGUES, V. V. Em foco a correlação. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 16, p. 122-139, 2014.

RODRIGUES, V. V. Correlação. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. F. (org.). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007.

ROSÁRIO, I. C. Construções aditivas: uma análise funcional, 2009. Disponível em: https://goo.gl/jjGKej. Acesso em: 7 ago. 2017.

ROSÁRIO, I. da C. do. Construções correlatas aditivas são estruturas de coordenação? In: CUNHA, M. A. F. da; BISPO, E. B.; SILVA, J. R. (org.). Variação e mudança em perspectiva construcional. Natal: EDUFRN, 2018.

ROSÁRIO, I. C. (org.). Correlação em língua portuguesa. 1. ed. Campinas: Pontes Editores, 2024.

TOJEIRA-RAMOS, J. P. Relatório Científico Final do projeto de pesquisa “Construções correlatas consecutivas na gramática do português: uma perspectiva discursivo-funcional”. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Proc. Nº. 2020/15623-7) 2023.

Downloads

Publicado

01-12-2025

Como Citar

Pezatti, E. G. (2025). A correlação consecutiva tão/tanto. que, sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional. Revista Do GEL, 22(1), 265–290. https://doi.org/10.21165/gel.v22i1.3982

Edição

Seção

Artigos