Indicativos linguísticos para aferir composicionalidade semântica em palavras complexas

Linguistic indicators to assess semantic compositionality in complex words

Autores

  • Indaiá de Santana Bassani Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Guarulhos, São Paulo, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5277-2008
  • Marcela Nunes Costa Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.21165/gel.v21i1.3713

Palavras-chave:

Composicionalidade. Morfologia. Semântica. Significado Especial.

Resumo

Este artigo aborda o conceito de composicionalidade semântica aplicado a palavras complexas (especialmente derivadas) e sugere indicativos linguísticos para classificar estruturas morfológicas quanto à composicionalidade. Ao fazê-lo, discute a relação entre composicionalidade semântica, transparência morfológica (formal), significado especial e lexicalização. Embora a composicionalidade semântica seja um conceito cada vez mais evocado na análise morfológica baseada na sintaxe, não há uma proposta ordenada de indicativos dessa propriedade para expressões linguísticas. Com base em dados do português brasileiro, e a fim de orientar a classificação de dados empíricos de palavras morfologicamente complexas, são elencados e discutidos possíveis indicativos obtidos através de testes linguísticos (i.e., transparência formal, formação de paráfrases e usos de sinônimos para raízes e afixos, modificação adverbial ou nominal, manutenção e perda de propriedades (morfo)fonológicas) e eventos psicolinguísticos (i.e., associação de palavras, decisão lexical, lapsos de fala e criações jocosas).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAD, M. Locality Constraints on the Interpretation of Roots: The Case of Hebrew Denominal Verbs. Natural Language & Linguistic Theory, v. 21, p. 737-778, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1023/A:1025533719905. Acesso em: 15 ago. 2024.

ARAD, M. Roots and patterns: Hebrew morpho-syntax. Springer Science & Business Media, 2005.

ARONOFF, M. Word formation in generative grammar. Cambridge, MA: MIT Press, 1976.

BASSANI, I. Transparência morfológica, composicionalidade semântica e reanálise estrutural em verbos do português. Revista Letras, [S. l.], v. 91, p. 109-130, maio 2015. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/39844. Acesso em: 23 maio 2024.

BASSANI, I.; VILLALVA, A.; SILVA, G. Questões metodológicas e resultados preliminares de um pré-teste de associação de palavras em verbos com prefixos. In: 68º Seminário do GEL – Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo, 2021, Araraquara. Caderno de Resumos – 68º Seminário do GEL. Araraquara: Editora Letraria, 2021. v. 1, p. 202-203.

BAUNAZ, L.; HAEGEMAN, L.; DE CLERCQ, K.; LANDER, E. (ed.). Exploring Nanosyntax. Oxford: Oxford University Press, 2018.

BORER, H. Structuring Sense: Volume I: In name only. Oxford: Oxford University Press, 2005.

BORER, H. Structuring Sense: Volume III: Taking form. Oxford: Oxford University Press, 2013.

CÂMARA JR., J. M. Estrutura da língua portuguesa. 47. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1970.

CAETANO, M. do C. Sobre o conceito de composicionalidade em morfologia. In: VALENTIM, H. (org.). Cadernos WGT: Composicionalidade. Lisboa: NOVA FCSH, 2009. p. 5-15.

CAHA, P. The Nanosyntax of Case. Ph.D. Dissertation, University of Tromsø, Tromsø, 2009.

CUNHA, A. G. da. Dicionário Etimológico. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.

CREEMERS, A.; GOODWIN DAVIES, A.; WILDER, R. J.; TAMMINGA, M.; EMBICK, D. Opacity, transparency, and morphological priming: A study of prefixed verbs in Dutch.Journal of Memory and Language, v. 110, p. 1-20, 2020.

DI SCIULLO, A. M.; WILLIAMS, E. On the definition of word. Cambridge, MA: The MIT Press, 1987.

EMBICK, D. The morpheme: a theoretical introduction. Berlin, München, Boston: De Gruyter Mouton, 2015.

EMBICK, D.; CREEMERS, A.; GOODWIN DAVIES, A. Morphology and the mental lexicon: Three questions about decomposition. In: PAPAFRAGOU, A.; TRUESWELL, J. C.; GLEITMAN, L. R. (ed.). Oxford handbook of the mental lexicon. Oxford: Oxford University Press, 2022.

ESPADARO, M. Os lapsos de fala em português brasileiro sob a perspectiva da Morfologia Distribuída. 2018. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

ESTIVALET, G. L.; MEUNIER, F. Morphological operations in French verbal inflection: Automatic, atomic, and obligatory. Lingua, v. 240, p. 1-17, 2020.

FERRARI NETO, J.; DIAS, A. D. Processamento de palavras formadas com bases presas no Português Brasileiro: um efeito de priming morfológico. Revista Veredas, v. 18, n. 2, p. 20-31, 2014.

FRUCHTER, J.; MARANTZ, A. Decomposition, Lookup, and Recombination: MEG evidence for the Full Decomposition model of complex visual word recognition. Brain and Language, v. 143, p. 81-96, 2015.

GEURTS, B. Compositionality: the real problem, 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/254884586_Compositionality_the_real_problem. Acesso em: 25 fev. 2023.

HALLE, M.; MARANTZ, A. Distributed Morphology and the pieces of inflection. In: HALE, K.; KEYSER, S. J. (ed.). The view from Building 20. Cambridge, MA: MIT Press, 1993. p. 111-176.

LAZZARINI-CYRINO, J. P. Morfologia Distribuída: origens e motivações. In: SCHER, A. P.; BASSANI, I.; ARMELIN, P. (ed.). Manual de Morfologia Distribuída. Campinas: Editora da ABRALIN, 2022. p. 33-58.

LEITE, M. da C. Alomorfia no plural do ditongo nasal em português brasileiro. 2023. Dissertação (Mestrado em Letras) – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2023.

LIEBER, R. Deconstructing Morphology. Chicago: The University of Chicago Press, 1992.

MAIA, M.; RIBEIRO, A. Jabuticaba liboramima lê mais fácil do que jornaleiro norbalense: um estudo de rastreamento ocular de palavras e pseudopalavras mono e polimorfêmicas. In: BUCHWEITZ, A.; MOTA, M. B. (org.). Linguagem e cognição: processamento, aquisição e cérebro. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2015. p. 143-153.

MAIA, M.; LEMLE, M.; FRANÇA, A. I. Efeito stroop e rastreamento ocular no processamento de palavras. Ciências e cognição, v. 12, p. 2-17, 2007.

MARANTZ, A. No escape from syntax: don’t try morphological analysis in the privacy of your own lexicon. In: DIMITRADIS, A.; SIEGEL, L.; SUREK-CLARK, C.; WILLIAMS, A. (ed.). Proceedings of the 21st Penn Linguistics Colloquium. Working Papers in Linguistics, Philadelphia, 1997. p. 201-225.

NÓBREGA, V. A. Domínios de localidade na interpretação semântica. In: SCHER, A. P.; BASSANI, I.; ARMELIN, P. (ed.). Manual de Morfologia Distribuída. Campinas: Editora da ABRALIN, 2022. p. 325-352.

OSEKI, Y.; MARANTZ, A. Modeling morphological processing in human magnetoencephalography. Proceedings of the Society for Computation in Linguistics, v. 3, n. 1, p. 431-441, 2020.

PARTEE, B. Compositionality. In: PARTEE, B. Compositionality in Formal Semantics: selected papers. New Jersey: Wiley-Blackwell Publishing, 2004.

VILLALVA, A. Estruturas morfológicas: unidades e hierarquias nas palavras do Português. Lisboa: FCG, FCT, 2000.

VILLALVA, A. Morfologia do Português. Lisboa: Universidade Aberta, 2008.

VILLALVA, A.; PINTO, C. Complexidade Morfológica e Custos de Processamento Lexical. Alfa, Revista de Linguística, v. 62, n. 1, p. 151-172, 2018.

SCHER, A. P.; BASSANI, I.; ARMELIN, P. (ed.). Manual de Morfologia Distribuída. Campinas: Editora da ABRALIN, 2022.

SCHWINDT, L. C. O prefixo no português brasileiro: análise prosódica e lexical. Revista DELTA, v. 17, n. 2, p. 175-207, 2001.

SOUZA, S.; VILLALVA, A.; PINTO, C. The grammar behind word association tasks. ExLing 2020: Proceedings of 11th International Conference of Experimental Linguistics, 12-14 October 2020, Athens, Greece. Disponível em: https://exlingsociety.com/wp-content/uploads/proceedings/exling-2020/11_0021_000436.pdf. Acesso em: 27 fev. 2023.

STARKE, M. Nanosyntax: A Short Primer to a New Approach to Language. Nordlyd, v. 36, p. 1-6, 2009.

STOCKALL, L.; MARANTZ, A. A single route, full decomposition model of morphological complexity: MEG evidence. The Mental Lexicon, v. 1, n. 1, p. 85-123, 2006.

Downloads

Publicado

26-09-2024

Como Citar

Bassani, I. de S., & Costa, M. N. (2024). Indicativos linguísticos para aferir composicionalidade semântica em palavras complexas: Linguistic indicators to assess semantic compositionality in complex words. Revista Do GEL, 21(1), 11–35. https://doi.org/10.21165/gel.v21i1.3713

Edição

Seção

Artigos