Expressões nominais anafóricas e memória discursiva: representações de Lula e de Bolsonaro em editoriais de um jornal
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v22i1.3750Palavras-chave:
Acontecimento. Editorial. Expressões nominais anafóricas. Memória discursiva.Resumo
Neste artigo, analisamos, numa perspectiva discursiva (da Análise do Discurso Francesa) em Linguística Aplicada, editoriais do jornal O Estado de S. Paulo. O objetivo é compreender como as expressões nominais anafóricas (Koch, 2001; Jubran, 2011) referem-se a Lula e Bolsonaro, candidatos à Presidência da República nas eleições de 2022, ao remeterem à memória discursiva (Pêcheux, 2015a; Brandão, 2012), permitindo indagar sobre o dito, o já dito e o silenciado. O recorte do corpus obedeceu a essa escolha temática e ao período da propaganda eleitoral. Quanto ao gênero, foram escolhidos os editoriais, porque eles apresentam posicionamentos discerníveis, o que permitiu tratar as expressões nominais anafóricas como pontos de emergência de processos discursivos, indiciários de acontecimentos (Foucault, 2008) remissíveis a séries históricas (Foucault, 2008) e de acontecimentos discursivos (Pêcheux, 2015b), remissíveis a formações discursivas (Pêcheux, 2014a). Os resultados indicam que, em seu funcionamento discursivo, elas representam cada um dos candidatos ora como sujeito, ora como representante da instituição Presidência da República. Particularidades consideradas, esse funcionamento pode ressoar em outros gêneros, temáticas e em possíveis aplicações em sala de aula. O ensino é, pois, um dos interesses aplicados do trabalho, visando à qualidade de leitura do professor e do pesquisador em formação.
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