Flutuação de grafia de palavras: aspectos morfossintáticos

Autores

  • Roberta Pereira Fiel Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil https://orcid.org/0000-0001-7456-7905

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v49i1.2701

Palavras-chave:

segmentação de palavras escritas, fala e escrita, flutuação de grafia de palavras

Resumo

Neste artigo, foram analisadas situações em que a sequência “o que” apresentava-se grafada de modo convencional (“o que”) e de modo não convencional (“oque”). Essas flutuações de grafia foram extraídas de textos de alunos que cursaram os quatro últimos anos do Ensino Fundamental (EF) em uma escola pública do interior paulista. Quanto aos resultados, verificou-se que: (i) o conjunto de sujeitos selecionados terminam o EF II com índice maior de “o que” grafado convencionalmente, todavia o índice de “oque” grafado não convencionalmente também aumenta; (ii) na flutuação gráfica “o que” e “oque”, são mobilizados dois type baseados na informação morfossintática, um type com funcionamento pronominal e um type com funcionamento interrogativo; e (iii) essa flutuação pode estar relacionada a aspectos prosódicos advindos da relação entre fala e escrita.

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Biografia do Autor

Roberta Pereira Fiel, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil

Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual Paulista - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, câmpus de São José do Rio Preto. Atualmente, é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Estadual Paulista - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, câmpus de São José do Rio Preto

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Publicado

01-05-2020

Como Citar

Fiel, R. P. (2020). Flutuação de grafia de palavras: aspectos morfossintáticos. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 49(1), 190–209. https://doi.org/10.21165/el.v49i1.2701

Edição

Seção

Artigos