O corpo feminino em discurso: memória e (r)existência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21165/el.v49i2.2477

Palavras-chave:

corpo feminino, discurso, memória, resistência.

Resumo

O corpo feminino traz certas memórias de violência no interior da história construídas e reverberadas pelas práticas sociais que se materializa(ra)m nos e pelos discursos. Tal condição possibilitou um certo idealismo do seu corpo, visto como objeto sexual, além de colocá-lo num espaço discursivo de luta, sempre desigual. A partir de certos movimentos sociais em prol das mulheres, podemos dizer que há a instauração de uma nova memória ressignificada pelo corpo que resiste, que produz dizeres e que movem as mulheres na luta contra certos imaginários socialmente estigmatizados. Vemos, a partir dessas novas condições de produção a passagem do corpo terno e delicado de antigamente ao corpo profano, dono de si, militante. Embasados teórico-metodologicamente na análise do discurso francesa, nosso objetivo, com este artigo, é analisar essa nova memória que emerge a partir do surgimento de movimentos sociais feministas, tais como, a Marcha das Vadias e a Marcha das Margaridas. Nosso material é composto por alguns recortes de páginas feministas do Facebook e da mídia.

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Biografia do Autor

Marco Antonio Almeida Ruiz, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos e doutor em sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales. É pós-doutorando em psicologia na Universidade de São Paulo. Tem experência na área de linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: deslocamentos epistemológicos da análise do discurso, filosofia da linguística, história da linguística no/do Brasil

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Publicado

26-06-2020

Como Citar

Ruiz, M. A. A. (2020). O corpo feminino em discurso: memória e (r)existência. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 49(2), 1014–1032. https://doi.org/10.21165/el.v49i2.2477

Edição

Seção

Artigos