Está/tá na fala popular de Salvador: redução fonética, variação e gramaticalização

phonetic reduction, variation and grammaticalization

Autor/innen

Schlagworte:

Usos de está/tá, Redução fonética, Variação linguística, Gramaticalização

Abstract

O objetivo deste artigo é analisar, na fala popular soteropolitana, o emprego do verbo estar no presente do indicativo, nas suas formas fonológicas plena (está) e reduzida (tá), sob as perspectivas da variação linguística e da mudança por gramaticalização. O enfoque teórico segue pressupostos do funcionalismo norte-americano, na linha da abordagem clássica da gramaticalização (HOPPER, 1991; HOPPER; TRAUGOTT, 2003 [1993] etc.). Do ponto de vista metodológico, a pesquisa tem caráter qualitativo e quantitativo e adota procedimentos sociofuncionalistas; como corpus, utiliza dados empíricos extraídos de entrevistas do acervo do Programa de Estudos do Português Popular de Salvador (PEPP). Os resultados da análise atestam que: (i) as formas está/tá desempenham, na fala popular soteropolitana, diferentes funções, que podem ser alocadas em um continuum de gramaticalização: verbo (pleno > verbo de ligação > verbo auxiliar) > advérbio de afirmação/concordância > marcador discursivo; (ii) há variação entre está e tá como verbos pleno, de ligação e auxiliar; (iii) em relação aos usos como advérbio de afirmação/concordância e marcador discursivo (usos mais gramaticalizados), não há variação entre está e tá, mas sim uma especialização (HOPPER, 1991) de tá no desempenho dessas funções.

Downloads

Keine Nutzungsdaten vorhanden.

Literaturhinweise

BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2011.

BYBEE, J. Mechanisms of change in grammaticalization: the role of frequency. In: JANDA, R.; JOSEPH, B. (ed.). The handbook of historical linguistics. Oxford: Blackwell, 2003.

CARVALHO, C. S. Gramaticalização e contexto morfossintático: O que acham, olham e dizem os falantes soteropolitanos? In: LOPES, N. S.; OLIVEIRA, J. M.; PARCERO, L. M. J. (org.). Estudos sobre o português do Nordeste: língua, lugar e sociedade. São Paulo: Blucher, 2017. p. 83-106.

CASTILHO, A. T. Funcionalismo e gramáticas do português brasileiro. In: SOUZA, E. R. (org.). Funcionalismo linguístico: novas tendências teóricas. São Paulo: Contexto, 2012. p. 17-42.

FREITAG, R. M. K. Estratégias gramaticalizadas de interação na fala e na escrita: marcadores discursivos revisitados. ReVEL, v. 7, n. 13, p.1-15, 2009. Disponível em: http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_13_estrategias_gramaticalizadas_de_interacao.pdf. Acesso em: 12 maio 2021.

FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos não são vícios de Linguagem! Interdisciplinar, Itabaiana, v. 4, n. 4, p. 22-43, jul./dez. 2007. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/article/view/1091. Acesso em: 10 maio 2020.

FURTADO DA CUNHA, M. A.; TAVARES, M. A. Funcionalismo e ensino de gramática. Natal: EdUFRN, 2016.

GONÇALVES, S. C. L.; CARVALHO, C. S. In: GONÇALVES, S. C. L.; LIMA-HERNANDES, M. C. L.; GALVÃO, V. C. C. (org.). Introdução à gramaticalização: princípios teóricos e aplicação. São Paulo: Parábola, 2007. p. 67-90.

GÖRSKI, E. M.; TAVARES, M. A. O objeto de estudos na interface variação-gramaticalização. In: BAGNO, M.; CASSEB-GALVÃO, V.; REZENDE, T. F. (org.). Dinâmicas funcionais da mudança linguística. São Paulo: Parábola, 2017. p. 35-63.

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Cohesion in English. Londres: Longman, 1976. p. 256-261.

HEINE, B. Grammaticalization. In: JOSEPH, B.; JANDA, R. D. (ed.). The handbook of historical linguistics. Oxford: Blackwell, 2003. p. 575-601.

HOPPER, P. J. On some principles of grammaticalization. In: TRAUGOTT E. C.; HEINE, B. (ed.). Approaches to grammaticalization. Philadelphia: John Benjamins, 1991.

HOPPER, P. J. Emergent grammar. Berkeley Linguistics Society, n. 13, p. 139-157, 1987. Disponível em: https://journals.linguisticsociety.org/proceedings/index.php/BLS/article/view/1834/0. Acesso em: 05 maio 2021.

HOPPER, P. J.; TRAUGOTT, E. C. Gramaticalization. 2. ed. Cambridge: Cambridge University, 2003 [1993].

JUNQUEIRA, L. B. C. L. O caráter social do funcionalismo e do cognitivismo. DLCV – Língua, Linguística e Literatura, João Pessoa, v. esp., n. 2, p. 9-30, jul./dez. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/dclv/article/view/16084. Acesso em: 03 fev. 2020.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Tradução Marcos Bagno e Maria Marta Pereira Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008 [1972].

LOPES, N. S.; SOUZA, C. M. B.; SOUZA, E. H. P. M. Um estudo da fala popular de Salvador – PEPP. Salvador: Quarteto, 2009.

MACEDO, A. V. T. Funcionalismo. Veredas: revista de estudos linguísticos, Juiz de fora,

v. 1, n. 2, p. 71-88, 1998. Disponível em: https://ria.ufrn.br/jspui/handle/123456789/794. Acesso em: 08 out. 2020.

MARTELOTTA, M. E. Mudança linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção Leituras Introdutórias em Linguagem).

MARTELOTTA, M. E. Usos do marcador discursivo tá? Veredas: revista de estudos linguísticos, Juiz de Fora, v. 1, p. 89-106, 2009. Disponível em: https://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/nova-digitaliza%c3%a7%c3%a3o-Usos-do-marcador-discursivo-t%c3%a1.pdf. Acesso em: 02 abr. 2020.

MARTELOTTA, M. E.; VOTRE, S.; CEZARIO, M. M. (org.). Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro / UFRJ, 1996.

MEILLET, A. L’évolution des formes grammaticales. Scientia, 12, v. 6, n. 26, 1912. Reimpr. In: MEILLET, A. Linguistique historique et linguistique général, Paris: Champion, v. 1, p. 130-148, 1948.

MENDES, R. B. A Gramaticalização de estar + gerúndio no Português Falado. 1999. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

PINHEIRO, F. P. Tá mudando? Uma análise sociofuncionalista da redução fonética do item estar na fala de Vitória/ES. 2019. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019.

ROSÁRIO, I. C.; OLIVEIRA, M. R. Funcionalismo e abordagem construcional da gramática. Alfa, São Paulo, n. 60, v. 2, p. 233-259, 2016. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/8007. Acesso em: 08 jun.2020.

SANKOFF, D.; TAGLIAMONTE, S. A.; SMITH, E. Goldvarb X: a variable rule application for Macintosh and Windows. Department of Linguistics, University of Toronto, 2005. Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html. Acesso em: 13 jul. 2021.

SANTOS, A. L. Usos dos verbos ser e estar no português brasileiro: uma abordagem funcional. 2016. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.

SILVA, V. M. Usos de está/tá na fala popular soteropolitana: variação e gramaticalização. 2021. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2021.

TAVARES, M. A. Sociofuncionalismo: um duplo olhar sobre a variação e a mudança linguística. Interdisciplinar, Itabaiana, ed. esp. ABRALIN/SE, ano VIII, v. 17, p. 27-48, jan./jun. 2013. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/article/view/1312. Acesso em: 02 jun. 2020.

TAVARES, M. A. A gramaticalização de E, AÍ, DAÍ e ENTÃO: estratificação/variação e mudança no domínio funcional da sequenciação retroativo-propulsora de informações – um estudo sociofuncionalista. 2003. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

TRAUGOTT, E. C. The role of the development of discourse markers in a theory of grammaticalization. Paper presented at ICHL XII. Manchester, 1997 [1995]. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/228691469_The_role_of_discourse_markers_in_a_theory_of_grammaticalization. Acesso em: 06 ago.2021.

ZILLES, A. M. S. O que a fala e a escrita nos dizem sobre a avaliação social do uso de a gente? Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 42, n.2, p. 27-44, 2007. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/2408. Acesso em: 04 ago. 2021.

Veröffentlicht

2023-08-02

Zitationsvorschlag

Silva, V. M. da, & Carvalho, C. dos S. . (2023). Está/tá na fala popular de Salvador: redução fonética, variação e gramaticalização: phonetic reduction, variation and grammaticalization. Revista Do GEL, 19(3), 272–296. Abgerufen von https://revistas.gel.org.br/rg/article/view/3430

Ausgabe

Rubrik

Edição Temática