Memória e silêncio: (inter)discursos de licenciandos brasileiros em Letras sobre o cacerolazo argentino e o panelaço brasileiro
(Inter)discourses of Licentiate' Brazilian students in Language about Argentine cacerolazo and Brazilian panelaço
DOI:
https://doi.org/10.21165/gel.v22i1.3980Palabras clave:
Estudos de comparatividade discursiva. Formação docente. Relações entre língua materna e língua estrangeira.Resumen
Este artigo discorre acerca dos modos de interação de licenciandos brasileiros de Espanhol/Língua Estrangeira com reportagens jornalísticas sobre as manifestações referentes ao cacerolazo argentino e ao panelaço brasileiro a partir da Análise de discurso pecheutiana. Para tanto, acompanhamos aulas de uma determinada turma de Licenciatura da graduação em Letras de uma dada instituição pública superior do Rio de Janeiro. Naquele ambiente de formação docente, desenvolvemos nossa proposta de atividade comparativa, que consistiu em solicitar aos graduandos que realizassem produções escritas comparando discursivamente reportagens em português brasileiro e em espanhol argentino acerca dos eventos sociopolíticos mencionados. Pretendemos analisar, através de uma perspectiva comparada, os modos de enunciar de licenciandos brasileiros em discursividades relativas ao Português/Língua Materna e ao Espanhol/Língua Estrangeira considerando o contexto sociopolítico do Brasil e da Argentina no tocante às manifestações supracitadas. Para tanto, partimos dos seguintes questionamentos: (1) De que maneira os sujeitos dialogam com as dimensões relativas ao intradiscurso e ao interdiscurso nos textos em língua materna e em língua estrangeira? (2) A quais formações discursivas os sujeitos se inscrevem que conduzem, desse modo, seus gestos de escrita a determinados efeitos de sentido(s)? Nossa análise revelou posturas discentes registradas em suas escritas que dão corpo a certas regularidades, dentre as quais destacamos: “o cacerolazo argentino é mais pacífico e mais organizado”, enquanto “o panelaço brasileiro é mais agitado”. Em suma, foram criados efeitos de sentidos que filiam a reportagem argentina a uma ideia de neutralidade, enquanto a brasileira é entendida como mais tendenciosa. Percebemos que tais regularidades enunciativas encetam certas evidências discursivas na relação do sujeito com a língua estrangeira que conduzem ao reforço de estereotipias no universo da LE permanecendo como uma língua do outro, artificial e distante.
Descargas
Citas
ANDRADE, A.; MARINHO, P. Discurso populista em construções jornalísticas acerca do cacerolazo argentino e do panelaço brasileiro. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 2, n. 59, p.1087-1116, 2020.
ANDRÉ, M. O que é um Estudo de Caso Qualitativo em Educação? FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 40, p. 95-103, 2013.
CELADA, M. T.; PAYER, M. O. Sobre sujeitos, língua(s), ensino. Notas para uma agenda. In: CELADA, M. T.; PAYER, M (org.). Subjetivação e processos de identificação. Sujeitos e línguas em práticas discursivas – inflexões no ensino. Campinas: Pontes Editores, 2016. p. 17-42.
CORACINI, M. J. A celebração do outro na constituição da identidade. Organon, Porto Alegre, v. 17, p. 201-220, 2003.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014 [1969].
GREGOLIN, M. R. V. Análise do Discurso: lugar de enfrentamentos teóricos. In: FERNANDES, C. A.; SANTOS, J. B. C. (org.). Teorias Linguísticas: problemáticas contemporâneas. Uberlândia: EDUFU, 2003. p. 21-34.
MAINARDES, J.; CARVALHO, I. C. Autodeclaração de princípios e de procedimentos éticos na pesquisa em educação. In: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd (org.). Ética e pesquisa em Educação: subsídios. Rio de Janeiro: ANPEd, 2019. p. 206-212.
MARIANI, B. O político, o institucional e o pedagógico: quanto vale a língua que ensinamos? Matraga, Rio de Janeiro, v. 23, n. 38, p. 43-63, 2016.
MARINHO, P. A construção discursiva de textos jornalísticos na abordagem do “panelaço” brasileiro e do “cacerolazo” argentino. Caracol, São Paulo, n. 21, p.1172-1203, 2021.
ORLANDI, E. Análise de discurso: princípios & procedimentos. São Paulo: Ponte, 2000.
ORLANDI, E. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Campinas: Pontes, 2012.
PIMENTA, S. Pesquisa-ação crítico-colaborativa: construindo seu significado a partir de experiências com a formação docente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, 2005.
REVUZ, C. A língua estrangeira: entre o desejo de um outro lugar e o risco do exílio. In: SIGNORINI, I. (org.). Lingua(gem) e identidade. São Paulo: Mercado de Letras, 1998. p. 213-230.
SERRANI, S. Formações discursivas e processos identificatórios na aquisição de línguas. DELTA – Revista de Documentação de Estudos em Linguística Aplicada, São Paulo, v. 13, n. 1, 1997.
SERRANI, S. Discurso e cultura na aula de língua. Exemplos em português, espanhol e inglês. São Paulo: Pontes, 2010.
ZOPPI-FONTANA, M. G.; CELADA, M. T. Processos de subjetivação e resistência na enunciação em língua estrangeira: o lugar do outro nas discursividades argentina e brasileira. In: Atas da Reunião Anual da SBPC, Fortaleza, 57ª, 2005.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Revista do GEL

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A REVISTA DO GEL não cobra taxa de submissão ou de editoração de artigos (articles processing charges – APC).
Os critérios gerais de direitos autorais da REVISTA DO GEL estão dispostos no termo de direitos autorais que cada autor aceita ao submeter seu trabalho no periódico. Como regra geral o periódico utiliza as regras CC BY-NC da Creative Commons (regra disponível em: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/legalcode)
